PALAVRAS VAZIAS
Quando da palavra ausente se faz a realidade,
Por mais bela que seja, estética atirada ao léu,
desprovida está dos traumas
que afligem os esquecidos nas quebradas, marginais, guetos e recantos
onde o grito, ainda que ecoe, e ecoa além-fronteiras imaginárias e reais,
sinaliza a indiferença dos que na fartura,
às vezes indigna,
ouvidos não têm, nem desejam,
senão para os iguais,
cuja vida se nutre do que falta no tempo,
no espaço, no corpo e na vida,
talvez até na alma dos invisíveis
de uma pátria, amada?
A palavra pensante, hein Guimarães!
hoje, quase ignorada,
precisa ressurgir na mente, no coração
e retornar às vitrines onde nua e crua
exposta esteja a realidade dos ais,
das lágrimas, retrato fiel e visível das dores
de corpos sucumbentes,
nascidas e alimentadas
por nossas cegueiras intencionais.